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Peccator Est

Pecador, contemple o dia final.

Senhores, trouxe pra vocês uma narração minha das meditações dessa quarta-feira. Já havia pensado nessa possibilidade e fiz. Não sei se consigo trazer todos os dias pela rotina corrida que venho tendo. Espero que gostem e se houve algum erro de leitura, me perdoem.

Soma-se a isso a agonia longamente prolongada, já que o crucificado não morre imediatamente como acontece com os decapitados. As causas das dores interiores eram: (ⅰ) Todos os pecados da humanidade inteira, pelos quais, através do sofrimento, Ele estava…

Soma-se a isso a agonia longamente prolongada, já que o crucificado não morre imediatamente como acontece com os decapitados.

As causas das dores interiores eram:

(ⅰ) Todos os pecados da humanidade inteira, pelos quais, através do sofrimento, Ele estava fazendo reparação; de modo que, em certo sentido, Ele os tomou para si como se eles fossem mesmo seus. Meu Deu, meu Deus, por que me abandonastes? E permaneceis longe de minhas súplicas por meus pecados? conforme está dito nos salmos (Sl 21, 2).

(ii) O caso específico dos judeus e dos outros que participaram do pecado de matá-lo, e especialmente o caso de seus discípulos, para os quais sua morte era algo de que se envergonhavam.

(ii) A perda de sua vida corporal, o que, pela própria natureza das coisas, é algo de que a natureza humana foge com pavor.

1. Nós podemos considerar a grandeza da dor de acordo com a capacidade de sofrer, corporal e espiritualmente, daquele que sofreu. Em seu corpo Ele havia sido formidavelmente composto, já que o mesmo foi formado pela operação miraculosa do Espírito Santo; portanto, seu tato – o sentido pelo qual experimentamos a dor – era dos mais aguçados. Também sua alma, por causa de suas faculdades interiores, conhecia todas as causas da dor como que por experiência.

2. A grandeza do sofrimento de Nosso Senhor pode ser considerada também no que diz respeito ao fato de que sua dor e sua tristeza não tiveram nenhum alívio. Ora, no caso de qualquer outro sofredor, a tristeza de alma e até mesmo as dores corporais são diminuídas através de um tipo de racionalização, por meio da qual é trazida, das faculdades superiores às inferiores, uma espécie de distração da dor. Mas quando Nosso Senhor sofreu, isso não aconteceu, pois Ele permitiu que cada uma de suas faculdades agisse no sentido de sofrer ao máximo em sua capacidade específica.

3. Podemos considerar a grandeza do sofrimento de Cristo em sua Paixão levando em conta o fato de que sua Paixão e a dor que ela acarretou foram aceitas deliberadamente por Cristo com o objetivo de libertar o homem do pecado. E, portanto, Ele se comprometeu a sofrer uma quantidade de dor proporcionalmente igual ao alcance que teria o fruto que nasceria da Paixão.

Por todas essas causas, se as considerarmos como um todo, ficará evidente que a dor sofrida por Cristo foi a maior dor jamais sofrida.

Fonte: Meditações para a Quaresma - Santo Tomás de Aquino [Livro físico]

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**QUARTA-FEIRA DA I SEMANA

Quão grande foi a dor de Nosso Senhor em sua Paixão?**

Olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta (Lm 1, 12).

Nosso Senhor, ao sofrer, sentiu realmente, e em seus sentidos, a dor que é causada por algo que é corporalmente nocivo. Ele também sentiu aquela dor interior que é causada pelo temor de algo perigoso, a qual chamamos de tristeza. Em ambos os sentidos, a dor sofrida por Nosso Senhor foi a maior dor possível de ser sofrida nesta vida presente. Há quatro razões para isso.

1. As causas da dor.

A causa da dor nos sentidos foi a fragmentação do corpo, uma dor cuja amargura proveio em parte do fato de que os tormentos atacaram todas as partes de seu corpo, e em parte do fato de que, de todos os tipos de tortura, a crucificação é sem dúvida a mais cruel. Os pregos atravessam os lugares mais sensíveis do corpo, as mãos e os pés, e o próprio peso do corpo aumenta a dor a cada instante.

1. Ao considerar os homens através dos quais Ele sofreu. Pois algo Ele sofreu pelas mãos dos gentios e dos judeus, dos homens e até das mulheres - conforme depois demonstra a história da mulher que acusa São Pedro. Ele sofreu, também, nas mãos dos governan tes, de seus ministros e do povo, conforme havia san profetizado: Por que tumultuam as nações? Por que tramam os povos vãs conspirações? Erguem-se, juntos, os reis da terra, e os príncipes se unem para com pirar contra o Senhor e contra seu Cristo (SI 2, 1-2) Ele sofre, também, por conta de seus amigos, os homens que melhor conhecia, já que Pedro o negou e Judas o traiu.

2. Se considerarmos as coisas através das quais o sofrimento é possível. Cristo sofreu em seus amigos que o abandonaram, e em seu santo nome pelas blasfêmias proferidas contra Ele. Sofreu em seu respeito e em sua glória, por conta do escárnio e do desprezo lançados sobre Ele. Sofreu nas coisas materiais, já que foi despojado até de suas roupas; em sua alma, pela tristeza, pelo cansaço e pelo medo; em seu corpo, pelas feridas e a flagelação.

3. Se considerarmos o que Ele passou em cada parte do corpo. Sua cabeça sofreu por conta dos espinhos perfurantes da coroa, suas mãos e pés pelos pregos que os atravessaram, sua face pelos golpes e os sujos cuspes, e todo o seu corpo através do açoitamento.

Ele sofreu em todos os sentidos corporais. O tato foi afligido pelo açoite e pelos pregos da crucifixão, o paladar pelo vinagre e o fel, o olfato pelo fedor dos cadáveres, já que Ele foi crucificado no local onde ficavam os mortos, chamado Calvário. Sua audição foi rasgada pelas vozes de zombaria e blasfemia, e Ele viu as lágrimas de sua mãe e as do discípulo que amava. Se considerarmos apenas a quantidade de sofrimento necessária, é verdade que um só sofrimento, mormente o último, teria sido o suficiente para redimir a humanidade de todos os seus pecados. Mas se olharmos para o que era mais adequado à situação, era mesmo preciso que Cristo sofresse todos os tipos de sofrimento.

S. Th., III, q. 46, a. S

Fonte: Meditações para a Quaresma - Santo Tomás de Aquino [Livro físico]

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**TERÇA-FEIRA DA I SEMANA

Cristo passou por todo tipo de sofrimento**

"Todo tipo de sofrimento". As coisas que os homens sofrem podem ser dividas de duas maneiras. Por "tipo", nós podemos nos referir a um sofrimento específico e individual, e nesse sentido não haveria motivo para que Cristo sofresse todo tipo de sofrimento, porque muitos tipos de sofrimento se anulam uns aos outros, como, por exemplo, queimar-se e afogar-se. Nós estamos, é claro, falando dos sofrimentos que Nosso Senhor passou que foram provenientes de causas externas a Ele mesmo, porque passar pelos sofrimentos infligidos por causas internas, como uma doença corporal, não lhe conviria para nada. Mas, se por "tipo" nós nos referimos a classes, então Nosso Senhor de fato passou por todos os tipos de sofrimento, conforme podemos demonstrar de três maneiras:

Para que olhas em redor de ti, se não é este o lugar de teu repouso? No céu deve ser a tua habitação, e como de passagem hás de olhar todas as coisas da terra. Todas passam, e tu igualmente passas com elas; toma cuidado para não te apegares a elas, a fim de que não te escravizem e percam. Ao Altíssimo eleva sempre teus pensamentos, e a Cristo dirige súplica incessante. Se não sabes contemplar coisas altas e celestiais, descansa na paixão de Cristo e gosta de habitar em suas sacratíssimas chagas. Pois, se te acolheres devotamente às chagas e preciosos estigmas de Jesus, sentirás grande conforto em tuas mágoas, não farás mais caso do desprezo dos homens e facilmente sofrerás as suas detrações.

Imitação de Cristo: Livro II - Exortações à vida interior

A ALMA DO PECADOR QUE SE MANTEM IMPENITENTE É COMO UM PORCO SE REVIRANDO NA IMUNDÍCIE.

O pecado que não é reparado com uma penitência pronta levará, com sua influência, a uma nova falta, como diz São Gregório.

De um abismo, cai-se em outro abismo, diz o Real Profeta (Sl 41).

-O pensamento sucede o olhar;
-depois do pensamento, vem o deleite;
-depois do deleite, o consentimento;
-depois do consentimento, a ação;
-depois da ação, o costume;
-e prontamente o costume se transforma em necessidade;
-e a necessidade leva ao desespero, seguido da impenitência final e da condenação: justo castigo da impenitência.

O vício engendra o vício, diz Santo Isidoro: Davi passou do adultério ao homicídio. Com a recaída, acrescenta-se um pecado a outro, um crime a outro; multiplicam-se os elos da cadeia, que cobre, oprime e afoga por toda a eternidade.

Tesouros de Cornélio à Lapide. Tomo I. Meditação N°18, Caída e Recaída.