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Meu Redentor e meu Deus, quem terá ânimo para Vos deixar e viver sem Vós, privado da vossa santa graça? Maria Santíssima, eis-me aqui para acompanhar-vos em vossa viagem; e vós, ó minha Mãe, não deixeis de me proteger na minha viagem para a eternidade. Assisti-me sempre, mormente quando chegar ao fim da minha vida, próximo ao momento do qual dependerá, se estarei sempre convosco amando Jesus no paraíso, ou se estarei para sempre longe de vós odiando Jesus no inferno. Ó minha Rainha, salvai-me pela vossa intercessão. Seja a minha salvação amar-vos a vós e a Jesus Cristo para sempre, no tempo e na eternidade. Vós sois a minha esperança; de vós espero tudo. (II 354.)
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 71-74)
**Novena para a festa do Natal
Sétimo Dia – Dia XXII de Dezembro.
Viagem de São José e Maria Santíssima a Belém Ascendit autem et Ioseph… ut profiteretur cum Maria desponsata sibi uxore praegnante — “Subiu também José, para se alistar a sua esposa Maria, que estava grávida” (Lc. 2, 4).
Sumário.** Tendo Deus decretado que seu Filho nascesse do modo mais pobre e mais penoso, numa estrebaria, dispôs que César lançasse um decreto de recenseamento universal. Sabedor disso, perturbou-se São José na dúvida se levaria, ou não, Maria consigo. A Virgem, porém, animou-o, e com ele se pôs a caminho. Tomemos estes santos personagens como companheiros em nossa viagem para a eternidade.
I. Havia Deus decretado que seu Filho nascesse, não na casa de José, senão numa gruta que servia de estrebaria, do modo mais pobre e mais penoso, por que uma criança pode nascer. Por isso dispôs que César lançasse um edito por meio do qual cada um deveria alistar-se na cidade própria donde trazia a sua origem. Quando José teve conhecimento do mando, perturbou-se na dúvida se deveria deixar a Virgem Maria em casa ou levá-la consigo, visto que estava próxima a dar à luz. “Minha esposa e senhora”, disse-lhe, “por um lado não quereria deixar-vos só; por outro, se vos levo, aflige-me o triste pensamento que muito tereis de sofrer numa viagem tão longa, por um tempo tão rigoroso”. Maria, porém, anima-o dizendo: “José meu, não temais: eu vos acompanharei, e o Senhor nos ajudará”. Por inspiração divina e pelo conhecimento da profecia de Miquéias, a Virgem sabia que o divino Infante devia nascer em Belém. Toma, pois, as faixas e os pobres paninhos já preparados e parte com José: Ascendit autem et Ioseph . . . ut profiteretur cum Maria — “Subiu também José para se alistar com Maria”.
Consideremos aqui as devotas e santas conversações que durante a viagem faziam entre si aqueles santos esposos acerca da misericórdia, da bondade e do amor do Verbo divino, que em breve ia nascer e fazer a sua entrada no mundo, pela salvação dos homens. Consideremos os atos de louvor, de benção, de agradecimento, de humildade e de amor que aqueles excelsos viajantes praticavam no caminho. De certo sofreu muito a santa Virgenzinha, próxima a dar à luz, tendo de fazer uma viagem tão longa; mas suportou tudo em paz e com amor. Ofereceu a Deus todas as suas penas, unindo-as com as penas de Jesus, que trazia no seio.
Ah! Na viagem de nossa vida unamo-nos a Maria e José e acompanhemo-nos deles, e agora façamos com eles companhia ao Rei do céu, que vai nascer numa gruta. Roguemos aos santos viajantes que pelos merecimentos das penas que então padeceram, nos acompanhem na viagem que estamos fazendo para a eternidade.
II. Meu caro Redentor, sei que nesta viagem Vos acompanham legiões de anjos do céu; mas quem Vos acompanha na terra? Ninguém senão José e Maria que Vos traz consigo. Permiti, ó meu Jesus, que eu também Vos acompanhe. Tenho sido um miserável ingrato, mas agora reconheço a injúria que tenho feito. Vós baixastes do céu para fazer-Vos meu companheiro na terra, e eu ingrato tantas vezes afastei-me de Vós pelos meus pecados. Ó meu Senhor, quando penso que tão repetidas vezes me apartei de Vós para satisfazer aos meus detestáveis apetites, renunciando assim à vossa amizade, quisera morrer de dor. Mas Vós viestes para me perdoar; perdoai-me sem demora, visto que me pesa de toda a minha alma de Vos ter abandonado e virado as costas tantas vezes. Proponho e com a vossa graça espero nunca mais Vos deixar e nunca mais me apartar de Vós, meu único amor.
A minha alma enamorou-se de Vós, ó meu amável Deus-Menino. Amo-Vos, meu doce Salvador, e já que viestes à terra para me salvar e dispensar-me as vossas graças, peço-Vos só esta graça: não permitais que em tempo algum me separe de Vós. Uni-me estreitamente convosco, prendendo-me com os doces laços de vosso santo amor.
Pesa-me de toda a minha alma de Vos ter desprezado, ó Bem supremo; pelo sangue que derramastes por mim, recebei-me em vossa graça.
Pater, non sum dignus vocari filius tuus (7) — Meu Pai e meu Redentor, não sou mais digno de ser vosso Filho, depois de ter renunciado tantas vezes ao vosso amor; mas fazei-me digno com os vossos merecimentos. Graças Vos dou, meu Pai, graças Vos dou e Vos amo. Ah, só a lembrança da paciência com que me tendes suportado tantos anos, e das graças que me tendes dispensado, depois de tantas injúrias que vos causei, deveria fazer-me viver sempre abrasado em vosso amor. Vinde, pois, meu Jesus, não quero mais repulsar-Vos, vinde morar em meu pobre coração. Amo-Vos e quero amar-Vos sempre. Abrasai-me sempre mais, lembrando-me o amor que me mostrastes. Minha Rainha e Mãe, Maria, ajudai-me, rogai a Jesus por mim; fazei com que, no tempo de vida que ainda me resta, me mostre grato a Deus, que me amou tanto, ainda depois de eu O ter ofendido tão gravemente. (II 351.)
Referências:
(1) Lc. 12, 49.
(2) Sl. 108, 5.
(3) Sl. 68, 9.
(4) Jó 22, 17.
(5) Zc. 1, 3.
(6) Jo. 2, 2.
(7) Lc. 15, 21.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 68-71)
Mas não quero perder a confiança em vossa misericórdia; Vós mesmo me deveis mudar. Amo-Vos, Bondade infinita; arrependo-me dos desgostos que Vos tenho causado com o meu orgulho e proponho sofrer por vosso amor qualquer desprezo, qualquer injúria que me for feita. “Vós, ó Senhor, inclinai os vossos ouvidos às nossas súplicas e ilustrai as trevas do meu espírito com a graça de vossa visita.” (2) Dai-me força para guardar fielmente o meu propósito. Quero sempre dizer-Vos: † Ó Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso (3). Ajudai-me também vós, ó Maria, a mais humilde de todas as criaturas. (*IV 164.)
Referências:
(1) Is. 55, 3
(2) Or. Dom. curr.
(3) Indulg. de 300 dias
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 43-45)
**Terceira Semana do Advento
Terceiro Domingo do Advento
O testemunho de São João Batista e a modéstia cristã Ego vox clamantis in deserto: Dirigite viam Domini, sicut dixit Isaias propheta — “Eu sou a voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, assim como o disse o profeta Isaías” (Jo. 1, 23).
Sumário.** À imitação de São João Batista, procuremos sempre, ao falar de nós mesmos ou sobre as coisas que nos dizem respeito, abaixar-nos e nunca nos exaltarmos acima dos outros. Quem se abaixa, nunca sairá prejudicado; mas, por pouco que alguém se exalte acima do que é, pode causar-se grave dano. Além disso, é sabido de todos que os louvores em boca própria não trazem honra, senão desprezo.
I. O Evangelho de hoje, como diz São Gregório, faz ressaltar bem claramente a humildade do Batista. Muito embora estivesse adornado de tais e tantas virtudes, que se pudesse crer ser ele o Messias prometido, não somente recusou terminantemente esse nome, dizendo: Non sum ego Christus — “Eu não sou o Cristo”; mas ainda mais, protestou não ser digno nem sequer de desatar os cordões das sandálias do Redentor. Constrangido, pois, a dar informações acerca de si próprio, cala a nobreza de seus pais, a dignidade sacerdotal, e apenas faz saber o que é indispensavelmente necessário, a saber, o seu ofício de Precursor de Jesus Cristo: Ego Vox clamantis in deserto: Dirigite viam Domini — “Eu sou a voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor.”
Deves tu também praticar igual modéstia, se verdadeiramente desejas agradar a Deus e assim preparar-te para fazer nascer o divino Menino em teu coração. Evita de dizer qualquer palavra de louvor próprio, tanto acerca da tua conduta, dos teus talentos e exercícios de virtudes; como acerca da tua família, enaltecendo a nobreza, as riquezas, o parentesco. Em uma palavra, no falar do que te respeita ou de ti mesmo, procura sempre, à imitação do Batista, abaixar-te e nunca te exaltares acima dos outros. Fala antes o mal do que o bem; descobre antes os teus defeitos do que as ações que talvez tenham aparência de virtudes. Abaixando-te, nunca te prejudicarás; mas, como diz São Bernardo, por pouco que te exaltes acima do que és na verdade, podes causar-te grande mal. Além, disso é bem conhecido o adágio comum: Louvor em boca própria é vitupério.
Demais, melhor será que nas conversações não fales absolutamente de ti próprio, nem para bem, nem para mal, considerando-se como pessoa tão vil, que nem sequer mereça ser mencionada. Quantas vezes não sucede que contando coisas mesmo para a nossa própria confusão, se insinue alguma oculta e fina soberba, e que interiormente desejemos ser elogiados ou ao menos ser tidos por humildes e virtuosos!
II. Se por acaso, sem culpa tua, te louvarem, procura então haver-te assim como se houveram os Santos e nos ensinaram. Quer dizer: lança uma vista sobre tantos defeitos teus; confunde-te interiormente por não possuíres os méritos que te atribuem. Treme pensando que talvez a estima dos homens não seja a maior desgraça que te pode suceder, porquanto, pela vã complacência, te pode fazer perder todos os merecimentos que por ventura tinhas adquirido perante Deus. Demais, pode infectar-te o coração, fomentando-te o orgulho, e assim ser causa de tua queda e eterna condenação. Por isso diz São Francisco de Sales, que os louvores são um veneno doce e desapercebido, que mais de uma vez têm dado a morte à virtude e à piedade dos mais santos e piedosos. — Sobretudo, quando perceberes que te elogiam, olha para Jesus Crucificado, que, por teu amor, longe de buscar os louvores, preferiu ser o homem mais desprezado, ou antes, o mais abjeto entre todos os homens: despectum et novissimum virorum (1).
Ó meu Jesus, envergonho-me de comparecer na vossa presença. Vós, embora inocente, fostes por meu amor cumulado de ignomínias, e eu, pecador, tão ávido sou de louvores e honras! Ah, meu Deus, como me vejo desigual a Vós! Isso me faz temer pela minha salvação eterna, visto que os predestinados Vos devem ser achados conformes.
Ah! Senhora minha suavíssima! Padecestes inocente com tanta paciência, e eu, réu do inferno, recusarei padecer? Minha Mãe, peço-vos hoje esta graça, não de ficar livre das cruzes, mas de suportá-las com paciência. Por amor de Jesus vos peço, que sem tardar me alcanceis de Deus esta graça; de vós a espero. (*I 269)
Referências:
(1) Lc. 21, 19.
(2) Jo. 19, 25.
(3) Os. 2, 6.
(4) Tg. 1, 4.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 38-40)
Sabeis que em vós tenho posto todas as minhas esperanças. Minha amadíssima Mãe, não me desampareis. Assisti-me sempre com a vossa intercessão, primeiro em minha vida e depois especialmente na minha morte. † “Ó Maria, vós que entrastes no mundo sem mancha, alcançai-me de Deus que possa deixá-lo sem culpa.” (5) Fazei com que eu morra invocando-vos e amando-vos, a fim de vos ir amar para sempre no paraíso.
“Ó Deus, que pela Conceição Imaculada da Virgem Maria preparastes a vosso Filho digna morada, concedei-me por sua intercessão que, assim como, pela previsão da morte desse vosso Filho, a preservastes de toda a mancha de pecado, eu possa chegar a Vós com o coração puro.” (6) Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo.
Referências:
(1) Cl. 1, 15.
(2) Pr. 8, 22.
(3) Gn. 3, 15.
(4) Ct. 4, 7.
(5) Indulg. de 100 dias.
(6) Or. festi.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 431-434)
VIII DE DEZEMBRO
Festa da Imaculada Conceição de Maria Tota pulchra es, amica mea, et macula non est in te — “Tu és toda formosa, amiga minha, e em ti não há mácula” (Ct. 4, 7).
Sumário. Conveio sumamente às três Pessoas divinas preservar Maria da culpa original. Conveio ao Pai, por ser ela sua Filha primogênita. Conveio ao Filho, porque queria incarnar no seio puríssimo de Maria. Conveio ao Espírito Santo, porque a tinha escolhido para sua castíssima Esposa. Façamos um ato de viva fé em tão singular privilégio de Maria, e rendamos graças à Santíssima Trindade, por haver honrado a tal ponto a nossa Mãe. Regozijemo-nos também com a Menina Imaculada, e ponhamos nela toda a nossa confiança.
I. Conveio sumamente às três Pessoas divinas preservar Maria da culpa original. Conveio ao Pai, por ser Maria sua Filha primogênita. Como Jesus foi o primogênito de Deus: Primogenitus omnis creaturae (1), assim Maria, destinada a ser a Mãe de Jesus, foi sempre considerada como primogênita de Deus por adoção, e por isso Deus a possuiu sempre pela sua graça: Dominus possedit me in initio viarum suarum (2) — “O Senhor me possuiu no princípio dos seus caminhos”. Para a honra do Filho conveio portanto, que o Pai preservasse a Mãe de toda a macula do pecado.
Conveio ainda, porque Deus destinou esta sua Filha para esmagar a cabeça da serpente infernal, que seduzira o homem, conforme o que se lê: Ipsa conteret caput tuum (3) — “Ela te esmagará a cabeça”. Como podia, pois, permitir que fosse Maria primeiro escrava do demônio? — Mais: Maria foi destinada para advogada dos pecadores, e daí conveio que Deus a preservasse da culpa, a fim de que não parecesse cumplice do mesmo delito dos homens, pelos quais deveria interceder.
Conveio que o Filho tivesse uma Mãe Imaculada. Ele mesmo a escolheu por mãe. Não se pode crer que um filho, podendo ter por mãe uma rainha, a quisesse escrava. Como então imaginar que o Verbo Eterno, podendo ter uma Mãe Imaculada e sempre amiga de Deus, a quisesse manchada e algum tempo inimiga de Deus? — Ainda mais, diz Santo Agostinho: Caro Christi caro est Mariae — “A carne de Cristo é a carne de Maria". Sim, o Filho de Deus teria tido horror de se incarnar no seio de uma Santa Ignez, de uma Santa Gertrudes, de uma Santa Teresa, pois estas virgens santas, antes do batismo estiveram manchadas pelo pecado, de modo que o demônio teria podido lançar lhe ao rosto que possuía a mesma carne, que já algum tempo lhe estivera sujeita. Mas Jesus não teve horror de incarnar-se no seio de Maria (Non horruisti virginis uterum), porque Maria foi sempre pura e imaculada. — Acrescenta Santo Tomás que Maria foi preservada de toda a culpa atual, posto que venial, porque sem isso não teria sido digna Mãe de Deus. Ora, quanto menos digna teria sido, se tivera sido manchada pelo pecado original, que torna a alma odiosa aos olhos de Deus?
II. Conveio ao Espírito Santo que a sua Esposa predileta ficasse imaculada. Sendo decretada a redenção dos homens, caídos no pecado, quis que esta sua Esposa fosse remida de um modo mais nobre, preservando-a de cair em pecado. Se Deus preservou da corrupção o corpo morto de Maria, quanto mais não devemos crer que preservasse a alma da Virgem, da corrupção do pecado? — Por isso o Esposo divino a chamou horto fechado e fonte selada; porque na alma bendita de Maria os inimigos nunca penetraram. Elogiou-a ainda, chamando-a toda formosa, sempre amiga e toda pura: Tota pulcra es, amica mea, et macula non est in te (4) — “És toda formosa, amiga minha, e em ti não há mancha”.
Ó minha Senhora formosíssima! Alegro-me de ver-vos tão querida de Deus pela vossa pureza e formosura; e dou graças a Deus por vos haver preservado de toda a culpa. Ah, minha Rainha, já que sois tão amada pelas Pessoas da Santíssima Trindade, não recuseis lançar um olhar sobre a minha alma tão manchada pelos pecados, e obter-me de Deus o perdão e a salvação eterna. Guardai-me e mudai-me. Com a vossa doçura atraístes tantos corações ao vosso amor, atraí também o meu coração, a fim de que de hoje em diante não ame senão a Deus e a vós.
Digamos muitas vezes com Jó: Si bona suscepimus de manu Dei, mala quare non suscipiamus? (4) — Se de boa vontade tenho recebido da mão de Deus os bens, i.e. a prosperidade terrestre; porque não receberei com mais satisfação os males, i.e.
as tribulações que me são muito mais vantajosas do que a prosperidade? Faça o Senhor de mim e de tudo o que é meu segundo a sua vontade e seja sempre bendito o seu santo nome: Sit nomen Domini benedictum (5).
Assim quero fazer, ó meu Deus. Mas Vós, que conheceis o meu nada, confortai-me com a vossa Santa graça, e “excitai o meu coração a preparar os caminhos para o vosso Filho unigênito, a fim de que, pela sua vinda, possa servir-Vos pura e sinceramente” (6) Fazei-o pelo amor de Jesus Cristo. † Doce Coração de Maria, sede minha salvação. (7) (*III 348.)
Referências:
(1) Eclo. 34, 9.
(2) Tg. 1, 12.
(3) Tb. 12, 13.
(4) Jó 2, 10.
(5) Jó 1, 21.
(6) Or. Dom. occurr.
(7) 300 dias de indulg. cada vez.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 25-28)
Ó meu Jesus, apressai-Vos a perdoar-me, recebei-me na vossa graça, já que não mais me quero afastar de Vós. Não quero sofrer a desgraça e a confusão de me ver no futuro privado da vossa graça e do vosso amor. Concedei-me a santa perseverança e fazei que sempre Vo-la peça; particularmente, quando for tentado, implorando então em meu auxílio o vosso santo Nome e o de vossa santa Mãe, dizendo: Meu Jesus, ajudai-me; Maria, minha Mãe, socorrei-me. Se a tentação persistir, concedei-me a graça de eu também persistir em vos invocar. (II 84.)
Referência:
(1) Is. 47, 10.
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 103-105)
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