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A ser verdade que Israel conseguiu matar Yahya Sinwar, isso significa que, ao contrário do que dizia Telavive, o líder do Hamas não estava escondido num túnel rodeado de reféns. Estava à superfície, uniformado e a lutar ao lado dos seus combatentes. O homem que terá planificado a operação de 7 de Outubro do ano passado passou 20 anos nas prisões israelitas. Estando preso fez parte da equipa negocial do Hamas que conseguiu a libertação de 1026 palestinianos em troca de um único soldado israelita, Gilad Shalit. Quando saiu, prometeu libertar os milhares que restavam nas cadeias de Israel. Independentemente da leitura e caracterização que se possa fazer da forma como se desenrolou a operação de 7 de Outubro, um dos objectivos era precisamente capturar soldados e colonos israelitas para a seguir propôr um acordo que conseguisse tirar os presos palestinianos das cadeias.
À terceira foi de vez. Depois de dois voos cancelados, consegui, finalmente, partir. Quando o avião descolou do aeroporto de Beirute, vários edifícios continuavam em chamas no subúrbio a sul da capital libanesa. O taxista que atravessou comigo a zona mais perigosa da cidade dorme dentro do táxi porque é também ele refugiado. Contou-me que Israel assassinara 16 membros da sua família em Bekaa num ataque aéreo. Na sala de embarque, uma mulher chorava copiosamente abraçada às duas filhas adolescentes.
Cheguei no dia anterior ao ataque que matou Hassan Nasrallah. Ouvi a explosão e os gritos na rua. Palmilhei as ruas de Haret Hreik, onde centenas de voluntários, ambulâncias e escavadoras se concentaram para resgatar as vítimas. Durante vários dias, fiquei alojado no coração de Beirute, em Hamra, antes de partir para um bairro cristão bem perto de Dahieh, a zona mais perigosa da cidade. Visitei as ruínas do ataque contra os três palestinianos da FPLP, cujos cadáveres foram levados em ombros por milhares através de todos os campos de refugiados. Assisti à alegria de quem acompanhava o ataque do Irão através dos telemóveis nas ruas. Membros do Hezbollah disparavam para os céus em celebração.
Entrevistei médicos, políticos, professores e deslocados. Conheci membros do Hezbollah, comunistas e outros integrantes históricos da resistência libanesa. Também apoiantes de Israel entre a comunidade cristã. É impossível ler o Líbano sem compreender todas as invasões anteriores de Israel e sem perceber que enquanto a questão palestiniana não for resolvida não haverá paz na região. Antes de haver Hezbollah, já Israel tinha invadido o Líbano. A agressão aos capacetes azuis é apenas mais uma prova de que não há linhas vermelhas para os líderes israelitas e a incapacidade de Israel se defender sem o apoio dos Estados Unidos mostra como há uma cumplicidade permanente entre Washington e Telavive.
Foi um intenso mergulho de 15 dias numa tormenta na qual trabalhei para vários meios de rádio, imprensa e televisão. Com todas as dificuldades de um lugar onde reina a suspeição sobre estrangeiros, sobretudo jornalistas, depois da profunda infiltração israelita no interior do Hezbollah, fazer reportagem exige, ali, um esforço incomensurável. O povo libanês enfrenta uma invasão que provocou até ao momento 1,2 milhões de refugiados, quase 2 mil mortos e muita destruição. É sobre eles que pesa a indiferença do Ocidente.
Drone do Hezbollah matou três soldados israelitas e feriu quase 70 num ataque contra uma base a sul de Haifa. O Hezbollah diz que é uma resposta ao massacre no centro de Beirute nos bairros de Basta e Nweiri.
Israel volta a atacar torre de observação das forças da ONU na fronteira do Líbano. Há dois soldados feridos. Imagine-se se tivesse sido a Rússia, o Irão ou o Hezbollah. É a indiferença do Ocidente que permite que Israel ultrapasse todas as linhas imaginárias.
Esta manhã, dois capacetes azuis ficaram feridos depois de um tanque israelita disparar sobre uma torre de observação dos soldados das forças de manutenção de paz da ONU em Naqoura, no Líbano, denuncia a própria ONU, algo que viola a lei humanitária internacional.
O enviado dos Estados Unidos avisou o governo libanês que não vai haver mais diplomacia ou negociações por agora. Segundo o Pentágono, "Israel vai ficar no sul do Líbano por algum tempo". Washington parece, uma vez mais, dar luz verde a uma nova agressão de Telavive.
Kiev "não deve" responder na mesma moeda ao ataque ao hospital. "Perderia o respeito de todos os países ocidentais", afirmou Isidro Morais de Pereira. O major-general que costuma comentar na CNN Portugal e que tem o hábito de estar sempre alinhado com a narrativa de Kiev sabe perfeitamente que a Ucrânia já bombardeou hospitais, escolas, hotéis, autocarros, mercados e edifícios residenciais.
Recordo que há umas semanas a Ucrânia atacou uma praia da Crimeia na qual morreram várias crianças. Então, Kiev despachou o assunto dizendo que a responsabilidade era do sistema russo de defesa. Agora, as autoridades ucranianas acusam a Rússia de mentir ao dizer que o que aconteceu no hospital pediátrico foi obra do sistema ucraniano de defesa.
Quem apelou à negociação e à paz, uma ideia abraçada pela maioria dos países, foi tantas vezes acusado de ser putinista que o Ocidente teve de inventar uma cimeira para fingir que também é pela paz. A ideia de que só Moscovo comete crimes de guerra é uma mentira grotesca. Dediquei boa parte do meu trabalho a mostrar o inferno vivido pelos civis que vivem no Donbass. A mesma Ucrânia que reivindica esse território e os seus habitantes como seus lança rockets e mísseis sem pudor sobre a população civil. É hora de parar a guerra.
É a resposta da Rússia à censura contra os meios russos por parte da União Europeia. Cerca de 80 meios europeus vão estar inacessíveis aos cidadãos russos. Neste grupo estão incluídos a RTP, o Público, o Expresso e o Observador. Esta escalada persecutória, afecta todos. Os cidadãos da União Europeia impedidos de aceder aos meios russos e os cidadãos russos que deixam agora de poder receber notícias destes órgãos de comunicação social.
Parece que o sentido de humanidade está reservado em exclusivo para os civis ucranianos das zonas controladas por Kiev. Só assim se explica a quase inexistente cobertura jornalística sobre o ataque das forças ucranianas com armas ocidentais contra uma praia na Crimeia que provocou a morte de quatro civis, incluindo duas crianças, e ferimentos em 157 civis, entre os quais 27 crianças. A inexistência de repórteres portugueses no Donbass, na Crimeia e em Belgorod mostra bem a pouca disposição para um acompanhamento plural da guerra.
Houve quem, ontem, procurasse manobras de diversão para retirar a responsabilidade às forças que bombardearam aquela praia dizendo que tinha sido um míssil russo. Esta manhã, Mikhail Podolyak, assessor do chefe do gabinete presidencial de Volodymyr Zelensky, afirmou no seu canal no Telegram que “não há nem pode haver praias, zonas turísticas e outros sinais fictícios de vida pacífica na Crimeia”. Recordo que qualquer ataque contra zonas civis, seja perpetrado pela Rússia ou pela Ucrânia, é crime de guerra.
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