O código tributário se refere a um tributo devido como crédito tributário. Ou seja, foi redigido sob a perspectiva do arrecadador. Se não, chamaria de débito. Mas uma lei deveria ser feita pra proteger o pagador contra o Estado que, sem essa restrição, pode tudo.

Muito cuidado com as expressões que usamos, porque elas induzem vieses e daí comportamentos.

É assim com as palavras:

-palestino (árabe de certas regiões, não um povo à parte),
-trabalhador (empregado, não o único da relação que trabalha),
- direitos (deveres pra todos os outros),
- imposto (roubo oficial),
- voto (engajamento num teatro) e muitos outros.

O problema é que se vc chamar tudo pelo nome certo ninguém te entende.

Um mal do nosso tempo é ver tudo sob o ponto de vista gerencial, sub-analítico e estatístico. É como um burocrata do governo vê a sociedade, mas essa visão se impregnou de tal forma que todo mundo se acostumou a pensar assim.

Pra defender um assunto vc precisa de dados e estatística. Certo e errado, valores morais, não tem mais espaço. Chega ao cúmulo do sujeito não conseguir defender a própria existência se não tiver dados pra isso.

Diálogos do dia a dia

Passando em frente a um shopping, 9:45 hrs, pouco antes de abrir, uma grande fila vai se formando, quase só de mulheres. Escuto 2 “peão” conversando:

A - direitos iguais, sei. Olha quanta mulher na fila.
B - também, elas ganham menos que nois…
A - é que tem muito mais mulher no mundo. So em casa tenho 3, mais a esposa 4.
B - eeeeee (se deu conta e ficaram em absoluto silêncio)

A cada 2 anos nos oferecem um bombom de terra, dizendo que é de chocolate. Nos sempre caímos, porque a cada 50 vem um de chocolate mesmo.

Compartilho esse podcast de um cara excepcional em termos de conhecimento e inteligência, particularmente considerando que tem apenas 22 anos de idade, Rudyard Lynch. Pra melhorar, o outro participante não fica pra trás.

No spotify eles dividem o áudio em capítulos então dá pra conferir os temas abordados e selecionar o que vc quer ouvir, além do tema principal, que é risco de guerra civil nos EUA (coisa que eu nao considerava minimamente até ouvir esse podcast). Eu gostei de tudo. Ele até fala de algo que parece ser as 12 camadas da personalidade, do prof olavo, ao final.

https://open.spotify.com/episode/1jo3rQBkrdshHTrKcjtt5B?si=OehsrOO_R5eo3fQt6tYcNA&context=spotify%3Ashow%3A36Kqo3BMMUBGTDo1IEYihm

Imagine-se pouco mais de 100 anos atrás. Não existia Fed, não existiam praticamente bancos centrais. Vc poupava algum recurso, trocava em dólar, guardava e podia manter o valor do que poupou. Simplificando, era simples assim. É um direito básico poder fazer isso.

Então tivemos guerras mundiais, acabou o padrão ouro, o dinheiro começou a ser desvalorizado, e vc se vê defrontado com uma escolha sinistra: “entre no jogo dos investimentos ou perca tudo com o tempo. Mas fique tranquilo! Vc tb pode ganhar!”

Como esse jogo exige conhecimentos específicos, vc acaba sendo obrigado a entregar a outro a gestão da sua poupança, e como diz o Renatão, “a base de toda corrupção é a separação entre propriedade e controle.”

O que não falta é golpe institucionalizado. Open secret. Aquele tipo que todo mundo conhece e finge que não vê, até que chega a esquecer que exite. Tipo acreditar no índice de inflação. Tipo falar em juro real desconsiderando o imposto. Tipo acreditar no valuation e nos deals de Fundo Imobiliário, na falta de conflitos de interesses de gestores, no efeito das taxas no longo prazo, no fato que a imensa maioria dos fundos e ativos perde pro mero CDI, e a lista vai longe…

É justo querer participar desse jogo. É até viciante. Mas vc não deveria ser obrigado a isso. E hoje não é.