Ela tirou sua roupa, despiu- se do véu de santidade e vestiu-se de sua própria pele.
Ousou conhecer a si mesma e, tateando outro ser por meio de palavras, tocou em sua alma. Antes entregue à sorte de ideais românticos, agora trilha por caminhos tortuosos do seu desconhecido desejo.
O caminhar inseguro por não conhecer a si mesma se transforma em passadas firmes na direção do estrangeiro.
O estranho familiar que evoca com palavras e um enigmático silêncio, que as circunda, traz em torno dos signos uma estranha verdade ocultada. Que no amor como em tantos outros afetos, não cabem amarras e que desatar esses nós será seu devir existencial.
Ela, agora despida de medo, desnuda de seu antigo véu, mais forte -ainda que vulnerável diante do desconhecido- se lança ao mar de signficantes e novos significados.
Mais que palavras, imagens ecoam, ecoam e ecoam.
As palavras encarnam mais que desejos que pulsam no corpo, materializam novas verdades, velhos medos e o nada.
Nada de toque, nada de encontro, nada, nada nesse mar onde cada nova palavra, cada frase desenhada parecem querer afunda-la.
Não, ela não está se afogando, não está sucumbindo. Precisa relembrar-se.
Mas a estranha liberdade de nadar na imensidão do desconhecido a faz por vezes acreditar.que precisa de botes salva vidas para salvar a si.
Nada, nada nesse mar, por que flutuar nesse nada já é se salvar.
Vestida da própria pele ela seguirá nesse mar, ora calmo, ora revolto. Atravessará significados, até criar seu proprio modo de existir. Sendo tocada em sua pele por novas e velhas palavras, ela orbitará oceanos, deleitando-se do próprio movimento.

Feliz dia às mulheres! Que ousar e mergulhar seja sempre um caminho possível para nós sempre!

Carnaval

Ah, o Carnaval. Chega sem pedir licença, invade ruas, corpos, almas. É uma festa que não se explica, se vive. Ou se sobrevive. Máscaras, cores, ritmos que pulsam no ar como se o mundo fosse acabar amanhã. É, talvez acabe. Porque o Carnaval é isso: um breve instante em que o ordinário se dissolve e o extraordinário toma conta.

Os tambores ecoam, os pés dançam, os corpos se encontram e se perdem na multidão. Há quem diga que é fuga. Eu digo que é encontro. Encontro consigo mesmo, com o outro, com a cidade que se transforma em um grande palco onde todos são atores, protagonistas e figurantes, no palco e na plateia, tudo ao mesmo tempo. Que bagunça! Que maravilha! Talvez seja esse o caos necessário para expurgarmos nossas dores e suportar todas injustiças a que somos submetidos sem nos rebelarmos? No carnaval pode!

Mas no meio desse frenesi, há uma quietude. Um silêncio que só os olhos percebem. É quando a máscara cai, e o rosto verdadeiro aparece. Breve, quase imperceptível. E então você entende: o Carnaval não é só folia. É espelho. Reflete o que somos, o que queremos ser, o que nunca seremos.

E quando a festa acaba, resta o vazio. Doce e amargo. Como a vida. Resta a saudade do que não vivemos e a lembrança do que vivemos demais. O Carnaval passa, mas deixa marcas. Marcas que não se apagam. Marcas que nos lembram que, por alguns dias, fomos livres. Ou pelo menos tentamos ser.
#carnaval #almaescrita #textoautoral #leitoresemgajados

Corpos suados, pulsantes em festa
Entre purpurinas, plumas e paetês
Tais corpos doravante apertados e enlatados pela rotina selvagem, ganham vida pelo movimento, pelas cores e sons
O ritmo embala os foliões
Há quem chame de pecado o festejar a carne
A mesma, moída e temperada pela acidez de dias vazios
Telas, rotina, trânsito, pontos biométricos dão pausa(nem pra todos)
O povo que peleja na rotina expurgante expulsa seus demônios em festa
Num cortejo festivo, brilhante, calorento e o mais importante: cheio de vida
Pq a vida insiste em não caber
#textoautoral #juliana #leitoresengajados

#conceitos #literatura #frases #aforismos #livros

? Narrativa não linear* é um conceito no campo da literatura que se refere a uma estrutura de narrativa que não segue a sequência cronológica tradicional. Em vez disso, os eventos podem ser apresentados fora de ordem, utilizando flashbacks, flashforwards ou múltiplas perspectivas. Essa técnica permite explorar temas complexos, desenvolver personagens de maneira mais rica e criar um senso de mistério ou surpresa. Autores como Gabriel García Márquez em Cem Anos de Solidão e Kurt Vonnegut em Matadouro Cinco são exemplos de escritores que utilizam a narrativa não linear para aprofundar a experiência do leitor.?*?**‼️
?** @leitoresengajados