Auxilium Christianorum

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2 months, 1 week ago

Deus o Permitiu! Silêncio!
Meditação para o Dia 18 de Novembro

Era uma vida tão preciosa, tão necessária para o bem das almas, para a família, para a pátria e para a Igreja! E a morte impiedosa e cruel vem arrebatá-la, quem sabe, no momento mesmo em que mais útil parecia! Que fazer? Queixar-se de Deus, maldizer a Providência? Seria loucura. É-nos incompreensível a razão porque aprouve a Deus o sacrifício de uma vida tão cara. Silêncio! Deus o permitiu! Louvado seja o Senhor! Ignoramos os planos e desígnios da Providência com relação às criaturas. Não temos senão que curvar a cabeça e adorar o Senhor em silêncio. “Deus sabe o que faz”, exclama o povo em sua sabedoria.

Uma excelente mãe de família, modelo exemplar de vida cristã, cheia de filhos ainda pequeninos e tão necessitados do carinho materno, é arrebatada pela morte. Chamou-a Deus a Si! Quem pode compreender semelhante decisão da Providência? Deus o permitiu! Silêncio! Mais tarde, aqui ou no Céu, saberemos tudo e louvaremos a Misericórdia Divina que assim operou.

Diante de certos golpes da vida, de certas calamidades e fracassos,incompreensíveis à nossa razão, só nos resta fazer como Jó: louvar ao Senhor que assim o permitiu.

Deus o permitiu! Silêncio! Silêncio! Nenhuma blasfêmia!…

(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 345)

2 months, 2 weeks ago

Lágrimas de uma Viúva Cristã
Meditação para o Dia 15 de Novembro

A uma viúva cristã, São Francisco de Sales escreveu esta carta consoladora:

“Meu Deus, como esta vida é enganadora! E como são breves as suas consolações! Num momento aparecem e noutro se dissipam. Se não fora a eternidade para onde se dirigem nossos dias, com razão lamentaríamos a nossa condição humana. Escrevo-vos com o coração cheio de desgostos pela perda que tivestes e, ainda mais, pela ideia do golpe que o vosso deve receber quando lhe forre velada a infausta notícia de vossa viuvez, tão repentina e lamentável. Deus, que vos deu esse marido, foi também quem o chamou agora para Si. A nossa natureza, a cuja condição não podemos escapar, é feita de tal modo que morreremos em hora imprevista. Eis porque precisamos ter paciência e procurar adoçar o mal que não nos é possível evitar. Além disso, vamos pensar na Eternidade, onde nos serão reparadas todas as perdas e se restaurará a nossa sociedade depois de desunida pela morte. Suportemos pacientemente a separação cruel, a saudade martirizante. Que as lágrimas de uma viúva cristã sejam lágrimas de saudade e de esperança; saudade do companheiro tão querido, que a morte arrebatou, e esperança, a doce esperança de que, um dia, há de encontrá-lo na vida eterna e feliz do Céu!”

(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 342)

2 months, 2 weeks ago

Verdadeiras Dores e Verdadeiros Consoladores
Meditação para o Dia 14 de Novembro

“Se há verdadeiras dores – escreve Joseph de Maistre – muito mais raros são os verdadeiros consoladores”

O egoísmo, a leviandade do homem moderno afastam-no do leito dos enfermos e das câmaras mortuárias, e, se acontece algum aparecer em qualquer desses lugares, orgulhoso, cheio de sensualidade, saturado de prazer, é para aconselhar distrações. Não pensa em consolar, mas em distrair. Como pode o materialista grosseiro consolar o que sofre, se lhe falta a doce esperança cristã? Numa de suas mais belas cartas de consolação cristã, escreve Joseph de Maistre a uma senhora que perdera um filho querido:

“Quem mais do que vós, senhora, tem necessidade de se elevar aos altos e consoladores pensamentos! O sacrifício de vosso filho morto desaparece diante do vosso. O dele foi só o da morte, ao passo que o vosso é o de lhe ter sobrevivido. Todas as consolações humanas são vãs. Tirai os olhos da terra deste deserto ensanguentado, e devassai o véu da morte: vereis que o vosso filho está na eternidade”

Sócrates, pouco antes de tomar a cicuta que lhe deu a morte, disse aos seus amigos:

“Quando dispuserem de meu corpo, não digam que é a Sócrates que se vai incinerar ou sepultar. Não me confundam com o meu cadáver”

Sócrates falava como pagão e apenas para consolar os seus discípulos. Quanto a nós, temos a esperança cristã. Vosso filho morto não se confunde como seu cadáver. A crisálida grosseira e feia desfez-se em pó e a borboleta imortal, abrindo suas asas de ouro e azul, voou para a Pátria. Tudo o que amamos e admiramos em nossos mortos queridos vive, e jamais morrerá. Doce pensamento e suave esperança! Verdadeira consolação!

(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 341)

4 months ago

O Sofrimento na Via da Infância Espiritual
Meditação para o Dia 02 de Outubro

“Deus não fez a dor – escreve Mons. Laveille (1) – A dor é fruto do pecado. Entretanto, uma disposição misericordiosa da Bondade Divina a transforma em preservativo e remédio. O sofrimento purifica”

Teresinha compreendeu admiravelmente a missão Divina do sofrimento e sempre o acolheu com o mais doce e belo sorriso. Aos quatorze anos escrevia ela à Irmã Inês (2):

– “É bem verdade que o fel está sempre de mistura nos cálices que sorvemos. Para mim, os espinhos nos facilitam o desapego da terra, e fazem que elevemos os olhos muito para cima deste mundo”

Nosso Senhor nos manda o sofrimento a fim de que nos desiludamos do mundo e das criaturas e contemos só com Ele. No seu pequenino caminho, Teresinha nos ensina a arte de sofrer. Consiste ela em aceitar todas as pequeninas cruzes que nos aparecem cada dia, a cada hora, a cada momento, e fazê-lo sempre pacientemente, humildemente, com sorriso acolhedor. Disse ela:

– “Sofro de instante a instante… É por se pensar no passado e no futuro que costuma vir o desânimo”

Em outra ocasião, torturada por horrorosos e incríveis sofrimentos, murmurou docemente (3):

– “O bom Deus não me fez pressentir a morte próxima, mas me dá ainda mais e muito maiores sofrimentos… Entretanto, não me atormento por isso. Só quero pensar no momento presente”

E é nisto que está o segredo do sofrimento na via da infância: sofrer com um sorriso tudo o que vem das mãos de Deus, as grandes e as pequenas cruzes, e isso cada dia, a cada hora, a cada instante, sem olhar o passado nem o futuro.

Referências:

(1) Mgr. Laveille – Sainte Therèse de l’Enfant Jesus – c. XI
(2) Lettre à Soeur Agnès de Jesus / 3 – Novissima Verba – 19 de agosto, 1987
(3) Novíssima Verba – 23 agosto, 1987

(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 297)

4 months ago

O Abandono na Via da Infância Espiritual
Meditação para o Dia 01 de Outubro

O abandono está muito longe desse quietismo perigoso e estúpido, que consiste em cruzar os braços indolentemente, deixando a Nosso Senhor todo o encargo de nossa santificação, sem a cooperação da nossa vontade, do nosso sacrifício, e daquilo, diz o Pe. Mateo, a que chamamos abandono e que é, afinal, a expressão do amor perfeito. No dizer de Mons. Charles Gay, o abandono é o cume da montanha do amor, é a perfeição do amor. Na via da infância, é o gesto da criatura que, sentindo-se fraca e incapaz de dar, por si só, um passo no caminho da virtude, atira-se, como uma débil criança, aos braços paternos e adormece, tranquilamente reclinada sobre o Coração Divino, certa, bem certa de que assim não correrá perigo e percorrerá com segurança o seu caminho, sem temor da trevas que o obscurecem em noites tenebrosas de cruéis provações! Sabe alguém, porventura, se a saúde ou a doença, a fortuna ou a pobreza lhe são hoje um bem ou um mal? Não… Mas não o ignora Deus. As crianças nada sabem…, entregam-se à vontade paterna e ficam confiantes. Faça também assim a minha pobre alma, que tanto se agita e se perturba. Outro posto não deve ambicionar senão o do repouso no Coração de Jesus, na luta como na paz… Na vida como na morte. O resto… rir ou chorar, viver ou morrer, a doçura ou a amargura das coisas da vida – que me seja tudo isso indiferente, ainda que a minha natureza humana grite e se revolte! Tal é o abandono na doce via de Teresinha!

(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 295)

4 months ago

Meu Deus… Eu Vos Amo!
Meditação para o Dia 30 de Setembro

Depois de ter passado a vida no Amor, ia morrer, num ato de amor, o serafim do Carmelo! Era 30 de setembro de 1897. Estava a raiar para ela a aurora do dia eterno. Pela manhã, a vitimazinha lançou um olhar de amor para a estátua da Virgem, exclamando:

“Oh! Como Lhe rezei com fervor!…”

Mas era a agonia pura, sem a menor mistura de consolação… E depois, sufocada:

“Oh! Falta-me o ar da terra! Quando me será dado respirar o do Céu?…”

Às duas horas e meia, dando mostra de que o sofrimento havia chegado ao extremo, disse:

“Minha Madre, o cálice está a transbordar! Jamais poderia imaginar que me fosse possível sofrer tanto! Não posso explicar isso senão pelo meu ardente desejo de salvar almas”

E depois:

“É bem verdade, tudo quanto escrevi sobre o meu desejo de sofrer! Não me arrependo de me haver entregue ao amor”

E repetiu essas palavras diversas vezes. Tamanha a sede de amar e de sofrer consumia o Serafim da montanha santa do Carmelo! Quando, ao cair da tarde, soaram as tristes badaladas das Ave-Marias, contemplou ela meigamente à Maria e, voltando-se para a Madre Priora:

“É a agonia, minha Madre?” – “Sim, minha filha, é a agonia, mas Jesus a quer prolongar ainda algumas horas”

E ela, resignada:

“Pois bem… Vamos… Eu não quisera sofrer menos…”

E, fixando o crucifixo:

“Meu Deus… eu… Vos amo!”

E sua bela alma voou para o Céu. Morreu de amor! Realizaram-se todos os seus sonhos.

Como é bom viver sofrendo e amando até morrer de amor!

(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 293)

6 months, 4 weeks ago

Agricultura de Deus
Meditação para o Dia 06 de Julho

Diz o Apóstolo que somos a agricultura de Deus – “Vos agricultura Dei estis”. Nossa alma é o campo. Deus, o Agricultor Celeste. Na parábola do semeador, Jesus compara também o nosso coração à terra, onde cai a boa semente da palavra de Deus. Que faz o bom agricultor? Prepara a terra, cortando-a, revolvendo-a a golpes de enxada e arado. Depois semeia. E, quando nasce a planta, cuida que não a sufoquem os espinhos ou a má erva. Vem a poda e são cortados os ramos. Certas árvores, como as mangueiras, exigem até golpes incisivos no tronco. Outras ficam reduzidas a uns poucos e bem podados galhos. Aos menos entendidos, o trabalho do agricultor parece mais obra de destruição que de cultura. Entretanto, vem o outono, vem a colheita, e que riqueza, que belos frutos, que delícia!

Somos a agricultura de Deus, no expressivo dizer do Apóstolo, e não queremos o trabalho do Agricultor celeste no campo de nossas almas? Sob a forma de um agricultor apresentou-se Jesus a Madalena, na madrugada da ressurreição. Que simbolismo tocante! O Divino e bom Agricultor quer trabalhar. Dai-lhe o campo de vosso coração. Para a sementeira da graça deixai que a dor, bom arado, rasgue nele sulcos profundos. A sementeira da graça e do amor será tanto maior quanto maior o terreno preparado. E vereis depois, no outono da vida, que rica e bela colheita para a Eternidade!

(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 205)

6 months, 4 weeks ago

⚠️ LEMBRETE
Hoje é sexta-feira, dia de abstinência de carne!

6 months, 4 weeks ago

“Quo Vadis?”
Meditação para o Dia 05 de Julho

Contam as tradições de Roma que São Pedro fugia, medroso, da perseguição de Nero quando encontrou Jesus no caminho, com a cruz às costas.

“Para onde vais, meu Senhor?”, pergunta o apóstolo. “Para Roma, diz Jesus, e para ser de novo crucificado”

Pedro compreendeu a lição. Voltou e sujeitou-se corajosamente ao martírio. Jesus continua ainda a sofrer. E até o fim dos séculos há de carregar, em seus ombros feridos, o peso enorme de nossos pecados. A paixão de Jesus continua no Sacrário, no Altar, no seio da Igreja. No Sacrário, abandonado; o Altar, profanado; nos filhos ingratos da Santa Igreja; nessa legião de almas tíbias, pusilânimes em face da cruz e da perseguição dos maus. E quando fugis do sofrimento, e não quereis lutar por amor de Deus nesse dever penoso, nessa obra de apostolado difícil e na vocação a que fostes chamados, Jesus se vos apresenta no caminho da vida com a sua cruz. E para onde vai? Para o calvário do vosso coração ingrato, onde será de novo crucificado. Perguntai-Lhe como São Pedro:

“Para onde vais, Senhor?” – “Quo vadis?”

E que a resposta do Senhor, como ao Apóstolo, faça-vos retroceder, corajosamente, lutar pela vossa salvação eterna e sofrer em união com os méritos do Sangue Divino derramado na cruz!

(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 204)

7 months ago

A Hora das Grandes Almas
Meditação para o Dia 04 de Julho

A hora da desgraça e dos grandes sofrimentos, de golpes e reveses, é a hora das grandes almas. Quantas, na prosperidade, mostravam-se insignificantes, mesquinhas, acanhadas. Veio o golpe das adversidades, soou a hora da desgraça, e que prodígios e transformações! Vede Inácio de Loyola. Simples soldado iludido, como tantos, pelas vaidades da terra, egoísta, orgulhoso. A ferida o prostrou num leito. E, ferido o corpo, uma leitura, verdadeiro golpe da graça, transforma-o e santifica-o. Não foi um golpe assim motivo de conversão para Margarida de Cortônia e Francisco de Borgia? Quando já tudo parece perdido, quando Nosso Senhor nos reduz ao pó, ao nada que somos, pela humilhação, o abatimento; quando reveses e, principalmente, grandes calamidades nos ferem, é então chegada a nossa hora, ou melhor a hora de Deus. Esperemos confiantes! A Providência vai, talvez, realizar os grandes e eternos desígnios que tem sobre nós:

“Quando tudo está perdido – dizia Lacordaire – então é a hora das grandes almas”

Na desgraça, não nos mostremos mesquinhos, espíritos acanhados e eternos queixosos da Divina Providência. As desgraças são golpes do Artista Divino e dão, no mármore de nossas almas, uma expressão de beleza encantadora. Não quereis que, para esse bloco informe de vossa alma egoísta, chegue a hora de ser obra-prima da graça e enlevo de estetas espirituais, os Anjos do Senhor?

(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 203)

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