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"Que fazia o grande épico no sertão (Os Lusíadas, Canto V)? Quem o leria? As estrofes simbólicas do poema imortal serviriam de incentivo e encorajamento aos lusiadas das selvas? É possível. Basta ler-se a estância VII para compreender-se a presença desses versos. sos nas mãos rudes dos ciclópicos sertanistas.
'Passamos o limite aonde chega O Sol, que para o Norte os carros guia, Onde jazem os povos, a quem nega O filho de Climene a côr do dia. Aquí gentes estranhas lava, e rega Do negro Sanagá a corrente fria, Onde o cabo Arsinário o nome perde Chamando-os dos nossos Cabo Verde.'
Os Lusíadas (1556), Canto V, VIII estrofe, pp. 18 — Luís Vaz de Camões.
Como o lusíada, eles também passam o limite aonde chega o sol e onde jazem povos que não são brancos. Alí também, onde um deles fecha os olhos para sempre, a corrente fria do rio Paraupava lava e rega gentes estranhas. Alí, igualmente, como no cabo Arsinário, o Brasil perde o nome. Ali, ainda, como o nauta, eles passam por calmas, por tormentas e opressões.
Mas, ainda como o penisular heróico, eles, lutando e sofrendo, vão conquistar novos mundos para a Pátria. Estâncias dos Lusíadas nas mãos rudes dos bandeirantes! Que simbolismo impressionante..."
Fontes:
1. Nos Tempos dos Bandeirantes (1939), O Que Lêem os Paulistas, pp 150 a 152 – Carneiro Bastos Barreto.
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O Brasil Colonial era Formado por Analfabetos?
Sem rodeios; não, não era. E isso fica bem evidenciando na obra de Carneiro Bastos Barreto, "Nos Tempos dos Bandeirantes", aonde o autor por meio de uma série de citações de personalidades do Brasil da década de 1600, mostra que o hábito de leitura e erudição nos livros, em grande maioria de cunho religioso, fazia parte do cotidiano até das classes mais humildes.
No capítulo, "O Que os Paulistas Lêem", Carneiro Bastos Barreto narra como era a vida na capitania de São Vicente (atual estado de São Paulo), especificamente em como era a vida no Município de São Paulo dos Campos do Piratininga (atual capital de São Paulo). Até então a capitania era a mais importante da América lusitana, tendo em vista que a capitania da Nova Lusitânia (atual estado de Pernambuco) estava sob controle Batavo de 1630 a 1654.
Ele estabelece:
"Porque em São Paulo dos Campos não são poucos os que sabem ler a avaliar pelos muitos que sabem escrever, segundo se verifica à simples leitura dos testamentos seiscentistas. Se há carência de cultura, não será pelo excesso de analfabetos mas, apenas, pela escassez de livros."
Nos Tempos dos Bandeirantes (1939), O Que Lêem os Paulistas, pp 146 – Carneiro Bastos Barreto.
Mais a diante, a obra narra sobre o alto número de obras de cunho religioso na capitania, fruto da presença jesuíta na região e a escassez de obras de natureza literária, que, por mais que seja escassa, ainda sim possue presença no outro lado do Atlântico;
*"E, em verdade, na vila não há livrarias. Livros, possuem- nos, naturalmente, os padres da vila, jesuítas, carmelitas e beneditinos. Mas, com exceção desses, quem pode dar-se o luxo de ler, senão por empréstimo?
E todavia, não são poucos os que, nessa rude e áspera centúria, se dão o gozo espiritual da leitura, nem tão poucos, como poderia supor-se, os volumes de vários gêneros.
Nos espólios de muitos paulistas aparecem, as vezes, entre fatos de vestir, objetos de uso doméstico, ferramentas e ar mas, os nomes de alguns livros. E que livros! Os mais esquisitos, os mais imprevistos...
Vejamos, por exemplo, o inventário de Matias Rodrigues da Silva, um dos aposentados da terra. Matias é um bibliômano. Possue 18 volumes: 16, são de assuntos religiosos e os 2 restantes são estas: 'Arte de Inglaterra' e 'Prosódia'.
Não sabemos que interesse pode ter Matias Rodrigues em enfronhar-se nessas misteriosas artes britânicas. É louvável, contudo, vê-lo, nestas terras bárbaras, zeloso do seu belo idioma, procurando preservar a pureza de sua pronúncia com as complicadas regras de ortoepia condensada na sua raríssima Prosódia."*
Nos Tempos dos Bandeirantes (1939), O Que Lêem os Paulistas, pp 146 a 147 – Carneiro Bastos Barreto.
Salienta-se a conclusão de que na América Lusitana, diferente do discurso atribuído dos "historiadores" modernos, que de forma oportuna tenta denegrir o papel da administração da coroa portuguesa comparando-a a coroa de Castela, sem levar em consideração o período conturbado que Portugal estava passando naquele momento, o discurso de que o Brasil era uma terra de incultos, que, na verdade, se trata de uma falácia.
Procissão do Fogaréu
A Procissão do Fogaréu é uma tradicional procissão católica realizada anualmente na cidade de Goiás, na madrugada da quinta-feira santa. A procissão encena a prisão de Jesus Cristo e tem início a 0:00 da quinta-feira santa, com a iluminação pública apagada e ao som de tambores, à porta da Igreja da Boa Morte, na praça principal da cidade. A Procissão do Fogaréu foi introduzida em Goiás pelo padre espanhol Perestelo de Vasconcelos, em 1745.
Tradicionalmente, 40 Farricocos vestidos em indumentária especial e segurando tochas, representam soldados romanos. Eles seguem descalços, pelas antigas ruas de pedra da cidade[1]. Uma multidão de pessoas, composta de fiéis, turistas e moradores locais, assistem ao espetáculo, marchando juntamente aos Farricocos em direção à escadaria da Igreja de N. S. do Rosário, onde encontram a mesa da última ceia já dispersa. Em seguida, avançam na direção da Igreja de São Francisco de Paula, que simboliza o Jardim das Oliveiras, onde se dará a prisão de Cristo. Este é representado por um estandarte de linho pintado em duas faces, obra do artista plástico oitocentista Veiga Valle. A indumentária utilizada pelos Farricocos caracteriza-se por uma túnica comprida de cores variadas e por um longo capuz cônico e pontiagudo, guardando fortes semelhanças com as vestimentas que ainda hoje são comuns nas celebrações da semana santa na Espanha. Trata-se, com efeito, de um traje de origem medieval, o qual era costumeiramente utilizado por penitentes que assim podiam expiar seus pecados sem ter que revelar publicamente sua identidade.
? ?????? ??????? A Simplicidade Paulista: "São Paulo, até o princípio do século XIX, era ainda, com a sua casaria branca e as suas adufas de reixas verdes, com as suas igrejas barrocas e os seus becos estreitos, com os seus rocios empedrados e as suas ruas…
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História Essencial de Portugal - Uma série de seis episódios, em que o professor José Hermano Saraiva, apresenta a História de Portugal desde as mais remotas origens à atualidade.
Episódio 5: 2011-12-28 - Do 5 de Outubro a Actualidade (1910 a 2002)
Sexto de seis episódios em que o professor José Hermano Saraiva nos dá uma panorâmica dos momentos mais importantes da história de Portugal, desde as suas origens até à atualidade.
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