A dica de livro desta semana é a obra que foi adaptada para o cinema e se tornou um sucesso pelas mãos de Hitchcock. Foi publicado originalmente em 1959, livremente inspirado no caso do assassino de Wisconsin, Ed Gein. O protagonista Norman Bates, assim como Gein, era um assassino solitário que vivia em uma localidade rural isolada, teve uma mãe dominadora, construiu um santuário para ela em um quarto e se vestia com roupas femininas. Uma história curiosa envolvendo o livro é que Alfred Hitchcock adquiriu anonimamente os direitos de Psicose e depois comprou todas as cópias do livro disponíveis no mercado para que ninguém o lesse e, consequentemente, ele conseguisse manter a surpresa do final da obra.Em Psicose, Bloch antecipou e prenunciou a explosão do fenômeno serial killer do final dos anos 1980 e começo dos 1990. O livro, junto com o filme de Hitchcock, tornou-se um ícone do horror, inspirando um número sem fim de imitações inferiores, assim como a criação de Bloch, o esquizofrênico violento e travestido Bates, tornou-se um arquétipo do horror incorporado a cultura pop.

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TÉCNICA NARRATIVA DA SEMANA #227 (30/10/2024)
O que Hitchcock pode nos ensinar sobre escrita

Que tal aproveitar algumas citações de Alfred Hitchcock para aprimorar a nossa escrita literária? Seguem alguns "conselhos" do mestre.

1. "Drama é a vida com as partes chatas deixadas de fora." Hitchcock sabia exatamente como nos tirar de nossas zonas de conforto. Ele sabia que não podia se dar ao luxo de entediar seu público. Isso significa que você deve evitar páginas e mais páginas sobre a história passada dos seus personagens e descrições infinitas. Evite escrever parágrafos bonitos apenas para impressionar os leitores mas sem nenhuma função narrativa.
2. "Sempre faça o público sofrer o máximo possível." Os leitores querem finais felizes, mas os personagens precisam merecê-los. Bons escritores colocam seus personagens no inferno. Para fazer isso funcionar, eles criam personagens empáticos com os quais podemos nos identificar. Os leitores gostam de passar por essa experiência catártica com eles. Sentimos o horror implacável vivenciado por uma jovem socialite em "Os Pássaros". Em "Psicose", uma jovem acaba fugindo e encontra um fim horrível e sangrento no Bates Motel. Nós sofremos com os personagens de Hitchcock.
3. "Eu sou um escritor e, portanto, automaticamente um personagem suspeito." Sempre procure o lado negro da natureza humana. Todos nós temos um. Os escritores são naturalmente desconfiados porque sempre consideramos por que as pessoas fazem as coisas que fazem. Precisamos nos tornar observadores da condição humana. Nunca tome nada pelo valor de face. Tudo revela algo. Desconfie da natureza humana, das posses, dos cenários, da linguagem corporal, dos padrões de fala – de tudo.
4. "Quanto mais bem-sucedido o vilão, mais bem-sucedido o filme." Crie antagonistas complexos que sejam os heróis de suas próprias histórias. Eles não precisam ser vilões ou malignos. Eles precisam ter um objetivo de história crível que se oponha ao do protagonista.
5. "Sou um diretor tipificado. Se eu fizesse Cinderela, o público imediatamente estaria procurando por um corpo na carruagem." Não tenha medo de se ater a um gênero que se adapte ao seu estilo de escrita. A maioria dos escritores gosta de escrever o que gosta de ler.

A dica de hoje é de um livro que segue a nossa técnica da semana: personalidade nascisista. Dorian Gray é um exemplo perfeito de protagonista com essa característica. Em 1891, quando foi publicado, o livro foi recebido com escândalo e provocou um intenso debate sobre o papel da arte em relação à moralidade. Mais de cem anos depois, porém, o único romance de Oscar Wilde continua sendo lido e debatido no mundo inteiro. Seu tema central - um personagem que leva uma vida dupla, mantendo uma aparência de virtude enquanto se entrega ao hedonismo mais extremado - tem apelo atemporal e universal, e sua trama se vale de alguns dos traços que notabilizaram a melhor literatura de sua época, como a presença de elementos fantásticos e de grandes reflexões filosóficas, além do senso de humor sagaz e do sarcasmo implacável característicos de Wilde.

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Amanhã veremos como uma personalidade narcisista pode tornar o seu personagem interessante ?

TÉCNICA NARRATIVA DA SEMANA #215 (24/07/2024)
Perguntas que você deve fazer para o seu personagem para torná-lo mais real

Quando criamos nossos personagens pensamos no nome, onde moram, qual a profissão, se são casados ou estão apaixonados... mas será que sabemos o suficiente sobre sua personalidade e suas motivações para ajudá-los a percorrerem da melhor maneira sua jornada dentro da história?

Uma das melhores formas de conhecer a fundo nossos personagens é entendendo as motivações psicológicas que os movem, por que exatamente estão em busca daquele objetivo específico. Então, que tal "entrevistá-los" para conhecê-los melhor? As perguntas a seguir serão feitas aos seus personagens principais (e respondidas por você, claro) que têm papéis importantes na trama. Personagens menores não precisam de tanto detalhismo.

Seguem perguntas importantes que você se faça sobre seus personagens:
- O que destruiria mentalmente seu personagem?
- Como seu personagem se sente em relação à família (podem ser os familiares individualmente)?
- Quando seu personagem se sentiu completamente amado e aceito?
- Quando seu personagem se sentiu desprezado?
- O que teria que acontecer para fazer seu personagem falar ou defender um estranho em público?
- Sobre o que ele mente?
- Seu personagem sente falta de amigos verdadeiros?
- Que ameaça física seu personagem mais teme?
- O que seu personagem mais teme perder?
- Qual o grande arrependimento do seu personagem?
- Qual o ponto forte que define o seu personagem?
- Ele é capaz de se sacrificar por outra pessoa? Quem seria?
- Seu personagem tem uma linguagem corporal positiva ou negativa?
- Seu personagem tem um plano para amanhã? Semana que vem? Próximo ano? Ou ele "vai com o vento"?
- Seu personagem é resiliente o suficiente para suportar situações difíceis ou mudar de planos quando for necessário?
- Se você estivesse em uma situação de perigo, você gostaria de ter seu personagem a seu lado? Por que sim ou por que não?

Amanhã veremos as perguntas que você deve fazer para o seu personagem para torná-lo mais real ?