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«Mussolini [...] disse: "Somos contra a vida fácil". Para o fascista, a vida significava "dever, elevação, conquista", era "séria, austera, religiosa". "Em meio à indescritível mediocridade que hoje nos cerca", escreveu Degrelle, "representamos o destemor, a iniciativa, o auto-sacrifício e a disciplina..." É por isso que o novo tipo de ser humano, o homem fascista, seria um homem que "gostava de correr riscos, [tinha] autoconfiança, senso de grupo e gosto pelo entusiasmo coletivo"; "a política da tinta, da saliva e da ideologia ele combaterá com a política do solo, da carne e do sangue**" [...]
Para o chefe da Milice [...] "o modo de vida burguês acabou": O fascismo significava "viver perigosamente"; era, na frase de Oswald Mosley, "uma grande e perigosa aventura". Essa aventura fascista, aventura pela aventura, produziria o tipo de homem que estava sempre disposto a "tentar a sorte", que gostava de ir para o "tudo ou nada", e, de fato, acabou produzindo o lema notório, "me ne frego", [que] esume o espírito do fascismo.
A ideologia fascista, portanto, oferecia "uma explicação nova, vigorosa e brutal do mundo, do tipo que os homens sempre precisaram e sempre precisarão". Incorporado a ela estava o culto à força física - Oswald Mosley queria que os homens "vivessem como atletas" - e à vida, à saúde e ao sangue, combinado com uma obsessão pela virilidade e um desprezo pelos intelectuais.
[...]
"A guerra é minha pátria", disse Gilles, suas palavras ecoando não apenas a "glorificação da guerra" do Manifesto Futurista, escrito na virada do século, mas também a afirmação de Jules Soury de que a guerra era "a fonte de toda vida superior, a causa de todo progresso".
Os corolários do culto à guerra e ao perigo físico eram o culto à brutalidade, à força e à sexualidade... A esse respeito, Drieu La Rochelle, tentando definir o que separava o fascista do tradicionalista, estabeleceu uma distinção que é vital para uma compreensão adequada da natureza mais profunda do fascismo: "Um monarquista nunca é um verdadeiro fascista... porque um monarquista nunca é um moderno: ele não tem nada da brutalidade ou do simplismo bárbaro dos modernos" [...] As palavras de Drieu também revelam o que faz do fascismo uma verdadeira contra-"civilização": rejeitando o sofisticado humanismo racionalista da Velha Europa, o fascismo estabelece como seu ideal os instintos primitivos e as emoções primárias do bárbaro. Marinetti, em 1909, não havia dito que sua resposta à alta cultura da Europa era "destruir os museus, as bibliotecas e todas as academias" e "libertar este país da gangrena fétida de seus professores, arqueólogos, cicerones e antiquários"?
...Revoltando-se contra a cidade grande e os grandes centros industriais, ele queria alterar o ambiente do homem e criar para ele um cenário onde pudesse levar uma nova vida. A revolução fascista se viu como uma contrarrevolução contra uma revolução industrial que havia arrancado o homem do campo e o enclausurado na cidade, e proclamou a superioridade do século XX, do campo e do estádio esportivo sobre o século XIX, o casebre urbano e o pub. Em seu desejo de reconciliar o homem com a natureza, salvá-lo de uma morte prolongada e da decrepitude física e salvaguardar suas virtudes primitivas e seu ambiente natural, o fascismo foi possivelmente a primeira ideologia...
A "grande revolução moral", que era o que Robert Brasillach entendia por fascismo, aquela revolução dos sentidos dirigida contra a filosofia política predominante, seria uma revolução do corpo e da sexualidade. O fascismo criaria uma "nova vida" de "acampamentos, esportes, danças, viagens e caminhadas comunitárias", que varreria o mundo empoeirado de "aperitivos, salas enfumaçadas, congressos e [más] digestões" [...] Foi a virilidade do fascista, sua saúde e sua energia que finalmente o distinguiram dos burgueses...»
Zeev Sternheell, Fascist Ideology.
✠✙ꖦ⩩▐┛
——————⚐Absolutistas⚐——————
"Germania in Chains",
By Ludwig Fahrenkrog
"Genial e afável... tão moderado que seus seguidores se irritam com sua restrição... [mas] em público, às vezes, ele era Júlio César... Às vezes, ele era Napoleão... Ele sempre será frio diante de bombas, magistral quando houver necessidade de domínio... Ele é um aprendiz voraz e nunca comete o mesmo erro duas vezes... Suas intuições aguçadas são auxiliadas por bons ouvidos. Ele aprende ouvindo. Quando há longas discussões sobre problemas técnicos, econômicos ou financeiros, ele consegue realizar a façanha de permanecer perfeitamente calado por horas, absorvendo tudo o que os especialistas sabem... Ele parece mais jovem, mais em forma, mais eletricamente vivo do que nunca... O país inteiro está animado com sua energia."
Repórter da Times, Anne O'Hare McCormick, em sua conclusão sobre Mussolini. 1926.
"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu."
~ Fernando Pessoa
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