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Em suas Soirées de Saint-Pétersbourg, Joseph De Maistre observa que uma nascente força política de sua época, desejando propagar sua filosofia laica e abjeta, havia dado a sorte de encontra-la na camuflagem de bom cristão do ingênuo John Locke, o qual, por entre citações da Bíblia, deixara em suas obras a base do materialismo moderno.
Esse não é um caso único na história; pelo contrário, uma investigação sobre o tema deixa evidente que os filósofos que mais mal fizeram ao cristianismo eram justamente aqueles que mais cristãos se consideravam. O que falar do Descartes que, ao fazer da teologia uma mera serva da filosofia com seu método, apressou-se em subir de joelhos a escadaria da Basílica de Santa Maria Maior, para agradecer à Virgem pela inspiração? Ou então, que dizer daquele puritano Kant, responsável por esse cristianismo aguado que hoje é quase obrigatório, esse cristianismo de meras exigências morais, esvaziado de qualquer conteúdo ontológico ou cognitivo? Isso sem falar no pietismo de Ockham, que fez perante sua época o papel da legítima revolta da mística franciscana contra os abusos cerebrais da enrijecida tradição escolástica.
Convém lembrar as palavras de São Tomás:

"É próprio do erro ser mais perigoso quanto mais próximo está da verdade; assim, um bem aparente ou defeituoso é mais apto a desviar a vontade humana do bem verdadeiro." (Suma Teológica, I-II, q. 94, a. 4).

É os guri, vamo!