*— Mas se tá achando que vai comigo reolver essa parada,vá se desiludindo logo, que você vai ficar muito bem escondido. — Assim que me afasto, sem me soltar dele, murmuro e vejo sua careta estampada na face.

— Vá se foder, caralho, lata de guaraná Jeus!

— É pro seu próprio bem!

— Meu bem o meu PAU na tua goela, mané!

— Agressivo! Não quero mais casar com você, vamos nos divorciar em dois dias, certeza!

— Se não me deixar entrar pra essa merda, serei viúvo!

— É uma ameaça, meu senhor?

— Entenda como quiser.

— Aqui tem quartos, né? Só pra saber…

Foram mais alguns infinitos minutos discutindoa até conseguirmos o tão ansiado quarto no qual não tardamos em nos acomodar, unicamente na doce e caótica companhia um do outro.

Mas eu e ele não fodemos, se essa é a questão. Deitar sem roupas em uma cama de motel encarando o teto, chorando e rindo, beijando, onomatopeia de sentimentos saía pelos meus lábios, palavras sem conexão que faziam sentido na minha cabeça para descrevê-lo. Eu que nunca tive medo da morte, da minha prórpia, também comecei a temer. Nos olhos de Akiara eu conseguia ver o meu reflexo, eu conseguia ver o meu futuro, diferente de antigos amores. Tão inalcançável, mas tão perto de mim.

Eu não o amava.

Ele me odiaria. Ma era necessário, eu tinha um único objetivo e algumas prioridades, e dentre elas ele estava incluso. Tarde naquele mesmo dia, eu esperei Thomaz entrar dentro do banheiro para me vestir, lhe roubar um cigarro e sair pela porta. Coloquei aquela porra na boca, mas não me era suficiente, minha memória ainda é um pouco bagunçada e eu não me lembro exatamente o que usava, talvez não seja bom saber. Aquele garoto que ia salvar o mundo, agora assiste tudo em cima do muro.

Tinha combinado de reunir o pessoal para colocar umas pessoas contra a parede. Alguns que eu tinha em emnte que poderiam ter noção de boas informações. Deixei uma mensagem para ele.

**Espero que compreenda.

Que o amar ainda é pouco considerado o tamanho do que sinto por ele.***

*Liam riu fingindo limpar poeira de sua roupa. Com as calças de cintura baixa, correntes que passavam por sua barriga, e a blusa curta e vandalizada, ele balançou os seios sorrindo me respondendo de volta com as mãos.

— São meus peitos!

— Não… — Neguei com a cabeça, não era isso que eu prestava atenção — Você tirou o aparelho!

E ele gargalhou me abraçando de verdade. Conheci esse moleque vivendo em cima de papelão em avenida. Era a coisa mais feia e desnutrida que eu já havia visto na vida, mas quando vi aquele moleque acertar o vidro do carro de um homem que havia passando dando o dedo do meio para sua mãe, eu percebi que tinha o encontrado.

Ele não sabia falar, e foi a primeira coisa que trabalhamos à partir daí. Meu futuro Emanuel precisava de informação e educação suficiente para compreender o idealismo utópico de onde vivia. Quando sua mãe faleceu de overdose por uso de heroína, eu o registrei como meu, ele deveria ter uns dezesseis anos na época. E na conclusão disso eu compreendo hoje porque dos bancos automaticamente descontarem certa quantia de valor todo mês. É a pensão que eu pago para ele e para mais quatro outros punks. Eu financiava estudo, plano de saúde e armamento.

Emanuel não me via desde que passei a focar nas investigações do tráfico, provavelmente no afastamos por mais tempo que o esperado. Mas ele e Haneul possuem uma foto de recordação juntos, Jisoo sabia dele e sabia do meu carinho. Melissa nunca chegou de fato à conhecê-lo pois nos afastamos quando ela frequentou a academia de treinamento, então se o mencionei, foram raras as vezes. Era difiícil conversar sobre essas questões com minha irmã, pois ambos estávamos caminhando na polícia e eu tecnica,ente cometia crimes estatais. Não queria que ela se metesse nisso. Nós terminaríamos brigando, e eu gosto de manter uma boa convivência com ela.

Assim que nos afastamos eu me recordo de alguém em específico e mando uma mensagem, talvez o assustando. Queria apresentá-los. Poucos minutos após, ouço passos rápidos da escadaria e um mecânico periférico dos olhos mais lindos que eu já vi na vida, me surge, com as mãos manchadas de sangue e expressão preocupada. A medida que vinha se aproximando e percebendo os anarquistas vejo sua postura se tornar rígida, e eu consigo reconhecer um olhar nostálgico, o oljar que me desafiava, cortava, rasgava ao meio. Era um olhar completamente defensivo de quem acabaria com a minha raça caso soubesse das merdas que eu já fui envolvido. Quando lhe conto de Liam ele parece tão surpreso e puto, que sinto que vai surtar a qualquer momento.

Mas mantém a postura, arqueando sua sobrancelha sem saber o que esboçar. Logo não me seguro e acabo o puxando para próximo de mim.

— Está surpreso que é padrasto de um porra louca!

— Casar? Você vai casar com o cão do Yejun? — E Liam não poderia estar mais confuso, rindo feito um demônio.

— Cão do Yejun? Não me diga que o prostituto analfabeto é seu amigo. — Questiono Akiara que ainda não se encontra no melhor dos humores.

Eu logo senti um empurrão no peito, e tinha total paciência para escutar. — VOCÊ É DEUS SEU FILHO DA MÃE! O que mais me esconde?! É uma porra da reencarnação do Cazuza? É estelionatário? Viajante do tempo? Qual foi, caralho? Eu aqui todo exposto e você sendo a porra do líder do bagulho que eu mais evitava na vida? Vou te dizer bem, vou te dizer mesmo, eu não me meto com essas porras! Já tenho problemas demais na minha cabeça, na minha vida, eu já tô lelé, Bernard! Eu já tô ficando maluco com isso tudo! Culpa tua me meter nesse rolê todo! Eu vou te quebrar inteiro ouviu, ‘mermão?

Akiara gritava comigo, bem próximo do meu rosto, suas mãos estavam imóveis, mas a boca não parava de se mexer em disparada, que homem senhoras e senhores, que homem. Tudo que pude fazer foi segurar seu rosto e dizer sincero, de coração mesmo.

— Quando toda essa porra terminar, eu me caso com você.

Em resposta me deu um soco fraco no peito antes de erguer os pés para apertar meu rosto pintado e me roubar um beijão.*